segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Perspectiva Histórica da Evolução da Comunicação/Educação

O homem sempre conseguiu evoluir com a história e acompanhar a evolução das tecnologias.
Também a comunicação vai acompanhando a evolução histórica do homem.
Segundo Jean Cloutier, “a comunicação é uma actividade evolutiva porque cumulativa, pois cada novo meio junta-se os outros e os emergentes não servem para eliminar os já existentes. A comunicação não é um acto isolado e gratuito, mas obedece a determinadas funções de informação, educação, animação e distracção. A comunicação é ainda um processo cujos processos são dinâmicos.”
Jean Cloutier identifica quatro momentos, cada um deles caracterizado pela utilização de novas formas de comunicação que transformam a sociedade e constituem um novo tipo de comunicação.


O primeiro momento, o da «comunicação interpessoal» em que o homem tem o seu corpo o único medium de se expressar através do gesto e da palavra. Nasce a chamada cultura oral em que o principal registo se baseia na memória. Neste período da evolução do homem, o alcance da comunicação é limitado à sua capacidade auditiva e visual. Nesta fase, os ensinamentos processam-se de pai para filho, do mais velho para o mais novo A comunicação à distância era feita pelos “mensageiros” o que limitava o momento da comunicação restringindo-se ao momento em que era produzida. É um ensino cumulativo que evolui e torna-se complexo.


A escola instituição só aparece como organização e sistema no segundo momento denominado «comunicação de elite». A grande revolução, aqui verificada, dá-se com a utilização da escrita fonética que origina a linguagem scriptovisual, uma mistura da componente da escrita manuscrita com muita informação visual. Aparece pela primeira vez um medium que é suporte móvel, pois permite vencer a distância no espaço e no tempo. Começou por ser a placa de argila, depois o manuscrito e a seguir a um longo percurso chegou-se ao papel. No entanto, a escrita é um conhecimento especializado, com regras que não são acessíveis a todos. Isto leva à formação de uma elite e que vai subindo na estrutura social. Aparece assim uma escola que reflecte a divisão social, de um lado, o mestre que tudo sabe, o aluno que nada sabe e é uma tábua rasa aonde vão sendo despejados os ensinamentos. Se o homem conseguiu que a sua mensagem ultrapassasse o espaço e o tempo ao transformar em signos gravados a mensagem, com a invenção da imprensa venceu também a unicidade da sua obra. A amplificação permitirá a multiplicação das suas comunicações.


Com o nascimento das mass media, passa a existir, a «comunicação de massas» que representa o terceiro momento da comunicação. Este momento inicia-se com a imprensa e culmina com o satélite.
Surge a denominada escola paralela caracterizada por aquilo a que alguns autores chamam currículo oculto que é o que os alunos aprendem nas suas vivências. Esta nova realidade pressupõe uma alternativa no papel da escola tendo em atenção os media. A educação pelos media, com os media e para os media, são novas dimensões que se juntam ao acto educativo. A escola paralela desenvolveu, entre outros, dois movimentos, aquele que advoga a substituição da escola pelas novas tecnologias e aquele outro, chamado de complementaridade, que defende a educação permanente e a instituição escolar que não pode viver em concorrência com a não escola, mas as duas são complementares.


O quarto momento comunicativo, é o da «comunicação individual» e decorre da possibilidade de ter acesso a mensagens sempre disponíveis e a capacidade de se exprimir sempre que quiser com a self-media. “Emerec é o ponto de partida e o ponto de chegada da comunicação, já não é apenas informado, ele próprio informa e se informa. Já não é o estudante que frequenta cursos durante alguns anos da sua vida, é o auto-educando da educação permanente”. Este momento é, de uma maneira geral, simultâneo à comunicação de massas. Alguns dos medias que fazem parte deste momento são: a fotografia, os suportes e equipamentos de gravação de som e imagens, a reprografia, o computador e a Internet. A influência dos self-media na educação, é caracterizada pela sensibilidade na personalidade dos nossos jovens. A percepção pelos sentidos é a primeira etapa do conhecimento. Passar desta primeira impressão ao percebido é a tarefa da escola e o papel principal para o professor. A auto-educação é a principal função destes media. É aqui que também o papel do professor se altera, mas se revaloriza, deixa de ser um mero informador para ser um formador. Um novo paradigma educacional surge. O saber é um projecto em construção.
Lurdes Pereira